Descrição

O gerenciamento de redes de computadores baseadas no protocolo IP é uma tarefa complexa. Mais complexa ainda é a tarefa de gerenciamento de uma rede IP com garantias de QoS (Qualidade de Serviço), tráfego multicast e restrições de segurança. Hoje, o backbone da RNP possui diversas facilidades para fornecimento de QoS em seus dispositivos, mas tais facilidades são configuradas mediante uma intervenção manual dos operadores nos PoPs. Essa intervenção manual também se estende além dos PoPs, nas redes estaduais que ligam, principalmente, as instituições de ensino ao backbone RNP.

Entende-se por configuração através de intervenção manual aquela que obriga um administrador de rede a entrar em contato direto com um dispositivo de interesse e proceder com a configuração sem o auxílio de um sistema ou software que automatize tal processo. Tal intervenção manual é realizada utilizando-se alguns protocolos de comunicação para contactar o dispositivo de interesse, tais como Telnet/CLI, SNMP ou HTTP (para dispositivos que possuam uma interface Web de configuração).

A configuração através de intervenção manual pode ser suficiente para o gerenciamento de redes com poucos dispositivos, e cujos objetivos e metas mudam com muito pouca freqüência. Entretanto, redes maiores e com QoS apresentam alterações de objetivos e metas bem mais freqüentes, o que obriga a re-configuração constante de um número maior de dispositivos. Entende-se por objetivos e metas de uma rede a função final para qual a rede é utilizada. Redes com QoS possuem objetivos e metas que mudam com freqüência. Por exemplo, uma rede pode ter que priorizar tráfego HTTP entre 15 e 17 horas, e tráfego correspondente ao backup da base de dados entre 22 e 23 horas. Essa mudança de objetivos e metas (inicialmente priorizando HTTP para então passar a priorizar o tráfego de backup), obriga uma re-configuração dos dispositivos da rede.

Num ambiente desse tipo a configuração por intervenção manual é não escalável, e por conta disso, impraticável. Acredita-se que com a atual tendência de convergência de mídias, a RNP, em breve, se tornará uma rede cujos objetivos e medas mudarão rapidamente também. Essa é a motivação principal deste GT-Config.

O GT-Config objetiva investigar e propor uma solução para a automação de configuração de dispositivos de rede, prioritariamente em relação a QoS, mas com vistas à configuração de multicast e segurança. A automação de configurações é uma necessidade que fica evidente quando se observa o tempo gasto pelos operadores em Pontos de Presença (PoPs) na configuração de dispositivos.

O gerenciamento de redes baseado em políticas é usado como mecanismo de automação de tais configurações. O produto final será um sistema hierárquico capaz de configurar dispositivos de acordo com políticas de rede e, com isso, obter-se a abstração das particularidades de acesso aos equipamentos que faz com que, atualmente, as configurações sejam executadas quase sempre de forma manual, e por isso, lenta.

O PBNM define que políticas de rede (expressas através de uma linguagem com alto grau de abstração) são utilizadas para que os administradores expressem os objetivos e metas da rede gerenciada. Tais políticas são armazenadas em um repositório de políticas (implementado, por exemplo, em um serviço de diretórios baseado em LDAP) e transferidas para o sistema de gerenciamento PBNM para serem aplicadas na rede. O sistema PBNM traduz, em momentos pré-definidos, as políticas descritas em alto nível em ações de configuração dos dispositivos, utilizando os diversos protocolos de configuração existentes na rede (e.g. Telnet/CLI, SNMP ou HTTP). Nesse contexto, o administrador de rede expressa nas políticas os objetivos e metas, mas é o sistema PBNM que se encarrega de efetivamente configurar os dispositivos de forma automatizada, liberando os administradores de uma intervenção manual.

A arquitetura PBNM mais comumente aceita atualmente considera que as políticas de rede atuam dentro de um único domínio administrativo, que possui uma única lógica de gerência e um ponto central de decisões. No caso da RNP, entretanto, vários pontos de decisão são encontrados ao longo dos vários PoPs. Um operador de PoP, por exemplo, pode não preferir uma política de rede que privilegie uma transmissão de vídeo, de forma a permitir uma melhor navegação Web por parte de seus usuários. Neste contexto, o PBNM “clássico” precisa ser revisto e adaptado para o ambiente de gerenciamento apresentado pela RNP.

Propõe-se então no GT-Config a definição, implementação, validação e disponibilização de um sistema PBNM hierárquico que permitirá operações relacionadas com a configuração possam ser realizadas:

O projeto piloto do sistema PBNM hierárquico, com vistas a sua utilização em toda a extensão da RNP, propõem inicialmente utilizar um ambiente mais restrito (e.g. PoP-RS), posteriormente no backbone da RNP e finalmente, de acordo com o interesse de cada PoP, dentro das redes estaduais e suas ramificações. Por conta desta abrangência, o sistema a ser desenvolvido levará em conta questões de escalabilidade (o sistema deve operar de forma consistente tanto em ambiente restrito quando em ambiente mais amplo) e de distribuição consistente das políticas ao longo da área geográfica de atuação através do sistema de diretórios LDAP.

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